Palestina visto desde América Latina – Encartes vol 8 num 15 (2015)
- Categorias Artigos, Debates, Novidades, Traduções
- Data 12 de abril de 2025
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Agora, no início de 2025, a pesquisadora do Laboratório de Antropologia da Religião (LAR) Brenda Carranza publicou o texto “Palestina visto desde América Latina” em colaboração com Moisés Garduño, Marlene Hernández Morán, Nicolás Panotto e Damián Setton. Esta publicação compõe o Vol. 8 Num. 15 da revista digital Encartes.
Segunda Carranza, a onda de protestos estudantis pró-palestina que começaram nos Estados Unidos estendeu-se para a América Latina. Sendo uma das ressonâncias do conflito Israel-Palestina por aqui. Leia a seguir a nossa tradução da introdução do texto de Brenda e colaboradores.

Introdução
“Historicamente, a Palestina tem sido atravessada por dinâmicas colonialistas: expansionismo, violência sistemática, ideologia sionista e epistemicídio. Essas dinâmicas têm sido acompanhadas por uma rede de práticas que buscam sustentar-se em discursos que combinam os interesses políticos das hegemonias ocidentais com tons teológicos e religiosos. A partição da Palestina em 1947, como uma resolução para o povo judeu após a Segunda Guerra Mundial, mas como uma imposição para o povo palestino, foi construída com uma ocupação de 56% do território para o nascente Estado de Israel. Essa colonização foi sendo progressivamente justificada com ideias como a de Theodor Herzl (2004) em seu livro O Estado Judeu, onde propõe que a Palestina, sendo a terra bíblica, é o território destinado ao povo judeu. Soma-se a isso o ímpeto de proteção aos judeus, vistos como vítimas do Holocausto, o que desenvolveu, paradoxalmente, atitudes sionistas, ou seja, atitudes nacionalistas etnoculturais que promovem e incentivam a legitimação do Estado de Israel. Além disso, permitiu a justificativa do avanço territorial do Estado de Israel, de modo que, no início do século XXI, a ocupação alcançou 85% do território.
Como resposta a isso, a resistência palestina não está apenas dentro do território ocupado, mas também fora dele, onde se produz uma “palestinidade” como símbolo de orientação de rejeição generalizada à colonialidade e à opressão dos povos. Nos últimos meses, mais precisamente desde outubro de 2023, após o avanço territorial das forças armadas israelenses no que resta do território palestino, temos visto inúmeras mobilizações no espaço público e nas redes sociais sobre a situação da Palestina, seja a favor deste povo ou contra, intensificando noções pró-palestinas, sionistas, antissemitas e até islamofóbicas.
Com essas mobilizações, fica evidente o uso da ideologia política que deu forma ao sionismo, um instrumento colonizador para o assentamento sobre o território da Palestina histórica, que trouxe como consequência uma limpeza étnica deste povo e discursos de ódio. Esta ideologia se cristaliza, por exemplo, no sionismo cristão e em práticas políticas em diferentes países, bem como em mobilizações da sociedade civil, de universitários organizados e de grupos religiosos que podem ser a favor ou contra essa ideologia.
A América Latina não ficou de fora da diversidade de ações e pronunciamentos. Embora alguns países latino-americanos — Cuba com Miguel Díaz-Canel, Brasil com Lula da Silva, Bolívia com Luis Arce, Chile com Gabriel Boric, Colômbia com Gustavo Petro e Venezuela com Nicolás Maduro — tenham se pronunciado energicamente contra, e alguns tenham tomado ações diplomáticas, como a desaprovação da ocupação da Palestina, o restante dos países apenas apelaram por um cessar-fogo, inclinando-se inicialmente para condenar as ações iniciais do Hamas e até apoiando Israel. Tem sido a população civil — estudantes, docentes, grupos religiosos como os muçulmanos — que se organizaram para tomar as ruas, universidades e redes sociais para fazer um apelo ao direito humanitário, pronunciar-se contra as ações genocidas de Israel e pressionar as universidades a romperem relações com este Estado. A isso se soma uma diminuição da indiferença dos Estados latino-americanos, com uma série de pronunciamentos nas redes sociais frente à escalada militar, o deslocamento de famílias e a violação do direito internacional.
Para ter algumas perspectivas a partir da América Latina, convocamos, nesta edição, especialistas que, do México, Brasil, Chile e Argentina, refletem sobre a atualidade da ocupação de Israel na Palestina e o desdobramento de ações na região.”
Recomendamos a leitura integral do artigo em sua língua de publicação.

Drª Ciências Sociais, Profª. Visitante no PPGHS/UERJ; Profª Departamento de Antropologia Social IFCH/ UNICAMP; Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais/Unicamp; Co-cordenadora do Centro de Pesquisa de de Antropologia da Religião – LAR/UNICAMP. https://www.larunicamp.com.br/ Linha de pesquisa Gênero Religião e Política; Cristianismo latino-americano; Membro do Conselho Editorial do Coletivo de controle da mídia religiosa: Bereia; Membro do Conselho Editorial International Journal of Latin-American Religions; Pesquisas em andamento: Sionismo cristão no Sul Global; Aborto e objeção de consciência nos profissionais de saúde pública no Brasil e América Latina.
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Membro da equipe do LAR é pesquisador convidado pela Universidade de Paris Nanterre
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