Religião e Féminismo: a Insurgência das Féministas
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- Data 24 de outubro de 2019
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No último 15 de outubro, ocorreu no auditório Fausto Castilho, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, a mesa “Religião e Feminismo: a insurgência das féministas” com a mestre em educação e doutoranda em antropologia Simony dos Anjos. Coube à filósofa Yara Frateschi a mediação da mesa. O evento foi organizado pelo Grupo de Filosofia Política e pelo Centro de Pesquisa Ética em Filosofia Política.
Simony faz parte da insurgência feminista evangélica ao mesmo tempo em que é pesquisadora deste movimento. Sem recusar nenhuma dessas identidades que atravessam sua trajetória pessoal e acadêmica, ela nos falou sobre como vem pensando essas questões.
Propõe compreender a religião na chave da interseccionalidade, o que implica tratar a experiência, a identidade e o pertencimento religiosos como uma dimensão da vida social interseccionada à cor, à classe, ao gênero com a finalidade de gerar outras combinatórias, outras entradas, outros eixos de análise.
Religião, assim, é um dos marcadores sociais das situações de sofrimento. Não é apenas uma opção, mas uma construção social, disse Simony. Aqui, a clássica explicação sociológica da conversão como ruptura – que tende a reproduzir o próprio discurso religioso – recebe mais uma crítica.
Sua proposta é compreender as religiões nas relações sociais não como produtora de separação ou fronteira, mas como vínculo entre aqueles que sofrem opressões sociais. Eis uma pista científica e política!
Se as interseccionalidades explicitam sofrimento e opressão, delas também emergem (já estão brotando) insurgências contra, entre outras coisas, o estereótipo totalizador do fragmentado e cada vez mais difuso meio evangélico. Diverso, porém não sem uma hegemonia conservadora “bastante vocal” e “estridente”, como já dizia Pierucci a propósito do episódio “chute na santa”, em 1995.
Por fim, se religião é construção social, também é construção política. Simony participa de dois coletivos feministas evangélicos. Como estes, outros tantos movimentos têm surgido na conjuntura pós-2013. Por meio deles, evangélicas e evangélicos progressistas têm projetado vozes e valores. Embora ainda carecendo de uma ampla articulação política, as insurgências estão em fase crescente. Há algo novo, geracional e contra-hegemônico emergindo no meio evangélico brasileiro.
Vida longa e próspera!
Texto por: Ronaldo Almeida e Giovanna Paccillo
Abaixo é possível acompanhar a fala inteira pelo vídeo:
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