A pesquisa do cristianismo na América Latina requer levar em conta que ele é um dos estruturadores histórico-culturais do Continente, vértice das relações societais, interface política com os Estados, figurante essencial no cenário religioso, configurador de corpos e consciências, além de um denso arsenal simbólico e doutrinal. Nessa complexidade, a linha de pesquisa que costura três projetos em andamento tem como fios condutores: o gênero, a política e o poder. O gênero constitui a categoria que permite capturar o campo de interconexões que o compromisso de mulheres, membros de congregações religiosas no pós Vaticano II, estabeleceram, de um lado, entre a emergente teologia feminista e, de outro lado, a opção preferencial pelos pobres e a teologia da libertação. Na mesma trilha do catolicismo, perceber como os pressupostos epistemológicos do feminismo e dos estudos de gênero se confrontam com os do magistério da Igreja é central para compreender os impactos socio-religiosos das campanhas antigênero, deflagradas por diversos grupos conservadores, religiosos ou não, na Região. De outro lado, política e poder focam a interpretação da expressiva ascensão evangélico-pentecostal às instâncias legislativas e executivas que, sob a defesa das bandeiras de maioridade cristã e liberalismo econômico, revela-se como tendência nos países latino-americanos. Mostrar uma visão sistêmica do cristianismo contemporâneo, por meio de análise locais com suas interligações globais, representa uma exigência nas abordagens das pesquisas.